quinta-feira, 18 de março de 2010

Pensamento gentil de paz eterna...

Sei que faz um tempo que não posto nada aqui, neste espaço. O problema é que não tenho mais tempo para nada, nem mesmo para escrever um pequeno texto. Enfim, consegui um intervalo, hoje. Já estava com saudades. Para falar a verdade, pela primeira vez não sabia sobre qual assunto escreveria, até que me veio à mente este tema. Faço aniversário este mês, então penso na passagem do tempo, fico um pouco nostálgico e melancólico. Afinal, embora sejam poucos anos de vida, completarei 18 anos no dia 28, é inevitável notar que estou envelhecendo, e a aproximação da morte é inevitável. Podem achar ridículo uma garoto de 18 anos falar sobre velhice e morte, mas, por algum motivo, esses pensamentos têm persistido em mim.

O envelhecimento faz parte do nosso ciclo natural de vida. Nascemos, crescemos, reproduzimos e morremos. O problema é que nem todos querem seguir este ciclo tão cruel. Tenho medo da passagem do tempo. Não quero sentir minha pele enrugada, ver meus cabelos grisalhos, as retinas fatigadas e a fala lenta. Não, eu não me conformo com a idéia de que daqui a 20, 30, 40 anos não poderei fazer as coisas como as faço hoje. Sentir-se impotente diante da passagem do tempo é assustador. Somos tão frágeis; como pequenos cristais de açúcar, somos perecíveis ao tempo. Querendo ou não, todos se arrastam para o inevitável fim.

É aí que reside o pior de meus temores. Arrasto-me fatalmente para a podridão e a decomposição da matéria orgânica. O medo da morte é uma constante em minha vida. Tenho tantos sonhos irrealizados, desejos e anseios. Tenho amor e paixão pela minha vida, que foi construída em bases frágeis, meus pilares não me sustentam firmemente, e podem cair a qualque momento, deixando somente escombros. E, no final, serei apenas mais que viveu neste mundo de medos. Meus feitos, se é que eles existem, não serão eternizados. Meus sonhos não serão realizados. E, talvez, nem uma lágrima seja derramada por mim. Flores enfeitarão meu sepulcro, mas minha essencia não existirá. Então serei jogado para baixo da terra igualitária. E vermes iniciarão o processo de decomposição biológica.

É o destino de qualquer ser vivo. Morrer é essêncial, afinal, a vida eterna seria entediante. A morte nos liberta de sofrimentos, limpa mágoas, acaba com diferenças e nos torna mais humanos. Notamos nossa condição de ser vivos quando o tempo vai nos destruindo, pouco a pouco, em um movimento leve, brando, delicado. O vento que tange à face leva algo de nós que não voltará. "O tempo, esse devorador de coisas", dizia o poeta Ovídio. O tempo é impetuoso, e traz consigo somente um certeza: todos morreremos. É aterrorizador, mas ao mesmo tempo reconfortante. De alguma forma, todos seremos iguais quando nos libertarmos dessa vida cruel, que nos impõe tantas marcas, e que, paradoxalmente, amamos.

Quero viver. Quero transcender. Quero realizar...quero ter tudo, experimentar todos. Mas tenho consciência de que o ocaso não tardará. Tenho certeza de que não terei grandes feitos, de que minha vida será em vão, morrei vazio. Não levarei nada comigo, nem mesmo lembranças. Lágrimas talvez não sejam despejadas, talvez nem notem que já morri. Sou insignificante, alguém muito pequeno que deseja ser grande, porém sabe que não o será. Porém, de tudo, a verdade, inconsteste, para mim: nada em minha vida valeria a pena, se não tivesse de morrer ao final.