segunda-feira, 9 de agosto de 2010

I Hope You Don't Mind That I Put Down In Words How Wonderful Life Is While You're In the World...

A vida é um grande terminal. E é assim, irreversivelmente. Basta olharmos quantas pessoas já passaram por nós e, diversas vezes, não as notamos ou, ao contrário, quantas se tornaram elementos tão importantes que já é impossível conceber a nossa vida sem elas. Há ainda aquelas que se vão sem nem sequer conhecermos, mas que mesmo assim deixam um vazio, uma lacuna que não será preenchida, pois pessoas, diferentemente de objetos, não podem ser substituídas. Isso nunca. O ser humano tem um fim em si mesmo.

Chegadas e partidas são partes intrínsecas a esta longa caminha cujo fim é único. Todos fazemos parte de algum lugar, de alguém. É inevitável. Justamente por isso que, quando vamos embora, deixamos saudades, tristezas, melancolias, lembranças ( que podem ser boas, ruins, amargas ou doces...). Mas o que levamos de cada local em que estivemos? Talvez, levemos algum souvenir, uma fotografia. Lembro que, nos últimos dias antes de retornar ao Brasil, minha mãe excluiu todas as fotos que tínhamos da Europa. Essa era a viagem dos sonhos dela, pela qual esperou por um tempo para se concretizar, por motivos diversos. No momento em que as fotos foram acidentalmente excluídas, ela se pôs a chorar. Então fica a pergunta: será que aquelas fotos eram realmente tão importantes? Não nego que ri da situação, embora possa parecer meio cruel. Porém, aquelas fotos não significavam muito para mim, afinal, o que, de fato, ficou foram memórias. Lugares deixam saudades, pelo menos alguns... mas países, cidades são estáticos, é sempre possível retornar. E as pessoas?

Essas não são estáticas e para elas, muitas vezes, não podemos voltar. Isso, sim, é motivo para choro. Somos marcados por elas de maneira singular. A simples mudança de um amigo para uma cidade deixa-nos melancólicos, ainda que essa cidade seja próxima. Mas o fato de saber que aquele ser não estará ali, para nós, como era habitual, cria um espaço em branco. Uma tristeza. Eu bem sei disso, em minha pequena vida já experimentei bastante dessa experiência, acho. Quando tinha 10 anos saí do interior para morar na capital. Como era ainda novo, não me dei conta do que deixava para trás. Depois de 4 anos, retornei ao interior, mesmo que sofrendo e relutando muito. Reencontrei amigos antigos... consegui reatar amizades de que nem lembrava mais, conheci algumas novas pessoas. Não estarei errado em dizer que essas amizades reatadas e algumas poucas novas feitas foram uma das melhores coisas que já me aconteceu. Daí, passaram-se 2 anos e minha irmã foi morar no exterior por 1 ano. Não me despedi, porém ficou o vazio. Após mais 1 ano, eu volto a Salvador. Talvez essa tenha sido a mais difícil das despedidas. Ficaria a 400Km de meus pais e amigos. Ahh, como me fizeram falta... lembro que chorava ouvindo "Your song", porque lembrava de momentos vividos com uma das pessoas mais importantes para mim depois de minha família, Isabela. Sei que nela deixei um grande espaço também ("Olha, tem cheiro de Ítalo"). E sinto saudades. Contudo, esses são só simples exemplos pessoais e de pouco interesse a quem não os vivenciou. Tenho consciência de que há partidas mais dramáticas, mais cruéis e repentinas.

Porém, tais pessoas fizeram parte ativamente de minha vida, convivemos juntos, a saudade é facilmente explicada. O que não consigo explicar é como "gente" (desculpem-me a informalidade demasiada) que nunca sequer tive contato consegue marcar minha vida incisivamente. Alguns nunca nem troquei palavras, mas fico à espera de um momento e mesmo que esse não chegue, fico feliz com as conquistas desses "anônimos" e triste com seus fracassos. Pessoas que não sabem que existo, ou se sabem, ignoram-me. Quando da época em que fui assumir minha homossexualidade, por exemplo, um menino de São Paulo, com seu blog, foram decisivos, e o incrível é que ele nem sabe disso (sim, Sr. Cláudio DeLarge, é você). Há algum tempo, conheci alguém com quem a conversa flui naturalmente e posso ficar horas a fio conversando com ele sem notar que o tempo passa. E, mais uma vez, nunca o vi, pessoalmente. São, de certa forma, cibernéticos, virtuais; somente posso criar um imagem em minha mente e pensar "como seria assistir um aula com vc, passar uma tarde, ir ao cinema..." . Só que, se partirem, deixarão em mim saudades e, conseqüentemente, espaços em branco. E, por mais que se diga "vamos manter o contato", isso é raro de acontecer. Afinal, em terras de além-mar, as coisas mudam, conhecemos novas pessoas, vamos esquecendo aquelas passadas, mas não as substituímos.

Esse ano encontrei amizades em pessoas que antes ignorava. E sinto-me feliz e mais completo por isso. Porém, não esqueci aquelas outras que me são essenciais como respirar. Se elas se forem... uma parte de mim perderá o sentido. É assim que me sinto em despedidas, às vezes, sem sentido, fragmentado; tentando juntar pedacinhos de pensamentos e e reconstituir o todo... Contudo, o todo já não existe mais, ele se foi com aquela pessoa errante.

...

Explicação de poesia sem ninguém pedir

Um trem de ferro é uma coisa mecânica,
mas atravessa a noite, a madrugada, o dia,
atravessou minha vida,
virou só sentimento.

Adélia Prado.

5 comentários:

  1. é por essas e outras, que eu tenho ORGULHO de poder dizer que eu sou sua AMIGA! eu te amo meu anjo, e obrigada, por existir! (L) beijos de sua the guel, e sucesso sempre. nathy mendes

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  2. gostei da pra perceber q seus sentimentos nos textos q vc escreveu mudaram e vc conseguiu enxergar as situações dificeis de um modo melhor italo, parece q vc mudou nem q seja um pouco seu jeito de encarar as pessoas, amizades e despedidas etc. antes era meio confuso mas parece q vc amadureceu essas ideias e de certo modo virou uma pessoa melhor com isso congrats XD

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  3. "It's a little bit funny, this feeling inside..."

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  4. Olá, zapeando pelo orkut andei recebendo sua visita. E de curiosidade reslvi conferir seu blog. Kra, muito bom!!! Me indentifiquei muito com algumas situações descritas. Resolvi deixar meu comentário. Desculpe a invasão mais uma vez.

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