segunda-feira, 13 de junho de 2011

É impossível ser feliz sozinho?

O Dia dos Namorados passou, finalmente. Neste dia tão "especial", os casais enamorados compram presentes para seus respectivos parceiros, saem para jantar em um restaurante melhor, vestem-se com roupas bonitas para acabar a noite, preferencialmente, sem elas. Há uma atmosfera mágica no ar propícia à proliferação do amor. Se assim não o é, pelo menos é como deveria ser. Mas o que acontece com aquelas pessoas que ainda não encontraram ou que nunca irão encontrar o seu respectivo?

Certamente, muitos são tomados por um sentimento estranho. Questionam-se por que não têm ninguém com quem compartilhar o seu amor; perguntam-se se são menos interessantes que aqueles outros que possuem namorados; alguns, inclusive, pensam que lhes falta algo. Normal sentir-se carente algumas vezes, especialmente, quando a cidade é tomada por outdoors que estampam casais felizes aproveitando um dia magnífico no 12 de Junho. Então, algo me inquieta, será impossível ser feliz sozinho?

Dos meus 19 curtos anos de vida, passei 19 anos 'sozinho'; obviamente, não no sentido literal de não ter ninguém, mas sem ter um namorado ou algo parecido. Daí, concluir-se-ia que fui infeliz, e que sou menos interessante que os outros? De jeito nenhum! Não há como negar que algumas vezes já fui tomado por esses sentimentos, mas a maior parte de meus anos (bem) vividos foram marcados por felicidade, mesmo 'sozinho!'

Não consigo ser tomando por essa excessiva carência que acomete certas pessoas. Algumas vêem-se desesperadas pelo simples fato de não terem um namorado, chegando ao extremo de vincular a sua própria felicidade ao 'status' de "namorando". Incontáveis são aqueles que pulam de relacionamento em relacionamento porque temem a solidão ou os que preferem persistir em uma relação já falida. Esses são os verdadeiros infelizes, pois não sabem apreciar a agradabilíssima companhia de si mesmo.

A felicidade não está e nunca esteve fora do próprio indivíduo, afinal, ela é um estado de espirito. Assim, não devemos vinculá-la a outros, nem mesmo ao ser amado. Certamente, o estar com alguém de quem gostamos proporciona condições favoráveis a este estado de espirito, contudo não é uma relação de causa e efeito, muitas outras variáveis existem. O que acontece, por exemplo, quando a pessoa por quem se é apaixonado lhe ignora ou lhe agride? Obviamente, o efeito não é a felicidade, mas o oposto disso.

Ademais, outros fatores também são proporcionadores de condições favoráveis ao surgimento deste sentimento libertador. Viagens, amigos, dinheiro, animais de estimação, música, filmes, sucesso profissional e acadêmico, comida, boa saúde e tantos mais são, em minha visão, até mais importantes do que ter alguém para dizer "boa noite" quando se chega em casa após um dia cansativo de trabalho. Incompleto e infeliz sentir-me-ia se não os tivesse e não pudesse desfrutar daquilo que me faz bem. De pessoas para amar e que anseiam para amar alguém o mundo está cheio, por isso, melhor cuidar dos bons amigos, tomar "uns bons drink"... porque esses, sim, são escassos.

Satisfeito

Você me deixou satisfeito
Nunca vi deixar alguém assim
Você me livrou do preconceito de partir
Agora me sinto feliz aqui
Quem foi que disse que é impossível ser feliz sozinho?
Vivo tranqüilo, a liberdade é quem me faz carinho
No meu caminho não tem pedras, nem espinhos
Eu durmo sereno e acordo com o canto dos passarinhos.

Arnaldo Antunes, Carlinhos Brown, Marisa Monte


sábado, 12 de março de 2011

Like a rose under the April snow.

Lembranças sempre me vêm à mente. Há poucos dias, lembrava de quando vim morar em Salvador sozinho. Entrei na escola nova com o coração apertado e medroso, carregando comigo alguns sonhos dentro do bolso de minha calça jeans azul, já um pouco desbotada e folgada. Menino franzino, de baixa estatura, cabelos cacheados e mal cuidados, de sobrancelhas grossas e usando óculos. Foi assim que cheguei àquele novo ambiente que não me pareceu nada acolhedor. Sentei em uma cadeira e fiquei recluso, não falei com ninguém e, também, ninguém falou comigo. Saí da sala, peguei meu celular, liguei para uma amiga, conversei um pouco e logo depois retornei à classe. Esperei com certa ansiedade um conhecido meu que veio a essa nova aventura comigo. Conversamos algo bem superficial, depois, calamo-nos, a aula começara.

Passado algum tempo, hora do intervalo. Eu era um perdido ali. Não sabia para onde ir ou o que fazer. Minha vontade era de voltar para casa. Fiz um lanche, depois andei sem rumo pela rua em que fica o colégio, talvez procurasse um conhecido ou simplesmente uma pessoa que me falasse "oi" - o que, obviamente, não aconteceu. Calado, pensativo e amedrontado definem como estava naquele dia. Porém, com o tempo, fui conhecendo algumas pessoas ( Larissa e Luiz), sentei junto deles, falamos bobagens. Mas foi um garotinha, com cara de primário, cabelos curtos, branquinha, de feições delicados e cabelos claros que olhou para mim e disse em voz suave: "Ítalo, junte-se à conversa!". Aquilo me foi, sem dúvida, um convite tentador.

Sucederam-se, então, uma série de acontecimentos: amizades novas, banhos de piscina nas Sextas-feiras, reclamações de professores, um trabalho de história desastroso, estudo em grupo, paixonites, desilusões amorosas, brigas, conversas infindáveis no msn... Em resumo: uma vida de adolescente cheia de futilidades. Não tardou muito até que o ano terminasse. Mas e todos os sonhos que eu trouxe dentro de meu bolso?

Posso dizer que alguns foram realizados, certamente. Outros simplesmente foram descartados, talvez eu não os quisesse tanto, outros continuam guardados; e há ainda aqueles que surgiram no meio do caminho. São tantos. Guardo meus sonhos comigo em sua maioria. Sei que alguns são irrealizáveis, contudo servem para fantasiar um pouco. Afinal, ninguém consegue viver somente no plano da realidade, é demasiadamente tedioso. Dizem que não devemos prescindir de nossos sonhos por mais impossíveis que pareçam. Será? A reposta eu não tenho, somente questionamentos. E quando não abrir mão de seu sonho possa significar o fim de uma amizade e a incerteza de sua realização? O que fazer? Vale mesmo a pena persegui-lo? Aventurar-se num sonho pode ser bom, porém quando o fim da trajetória não traz consigo a realização do desejado talvez a melhor opção seja guardá-lo para si, em uma gaveta trancada e escura.

Por outro lado, o fato de nem sequer tentar deixa uma sensação de frustração. Traz aquela dúvida que nos angustia: "E se eu tivesse tentado, será que valeria a pena?". Já disse uma vez que é sempre bom se dar uma chance, continuo acreditando nisso. Todavia, às vezes, essa tentativa signifique ir muito além. Assim, abrir mão da possibilidade de sua própria realização é o melhor a ser feito. Ficar no "mundo da fantasia"... é isso que tenho feito há algum tempo. No fim, sei que ainda sou aquele menino franzino, de cabelos mal cuidados, usando um óculos, de coração apertado e um pouco amedrontado diante do novo, mas com muita vontade de experimentá-lo.
Ponho a mão no bolso para que ninguém roube meus sonhos. Realizá-los-ei.


Pensar em você

É só pensar em você
Que muda o dia
Minha alegria dá pra ver
Não dá pra esconder
Nem quero pensar se é certo querer
O que vou lhe dizer
Um beijo seu
E eu vou só pensar em você
Se a chuva cai e o sol não sai
Penso em você
Vontade de viver mais
Em paz com o mundo e comigo
Se a chuva cai e o sol não sai
Penso em você
Vontade de viver mais
Em paz com o mundo e consigo.

Chico César.

domingo, 30 de janeiro de 2011

Desconexo

Nossa, faz muito tempo que não habito estas páginas. Acho que acabei me perdendo estudando para o meu vestibular... mas espero me encontrar, quer dizer, me reencontrar. O pior é que, mais um vez, venho aqui sem saber o que dizer, fico somente vagando em idéias mal formadas.
Sento-me em frente ao computador, começo a ouvir algum jazz e a conversar algumas bobagens com um amigo que fico desnorteado. Deve ser a música... sempre fico assim quando ouço essas melodias que me remetem ao passado que, por mais passado que seja, ainda me é recente. Recordações me vêm à mente: são boas lembranças com um leve adocicado. Simplesmente, fico nostálgico.
Hoje, é um daqueles dias em que me sinto arrependido por algumas escolhas erradas, fico feliz por outras, lembro de tempos de alegria, penso nos bons amigos que cultivo há tanto tempo, e fico reflexivo... perplexo diante da fragilidade da vida. É, os sentimentos são fugazes. Mas no final do dia, posso olhar-me no espelho e esboçar um pequeno traço de felicidade que, aos poucos, vai se concretizando em um sorriso. Sinto-me completo.

Fragilidade

"Este verso, apenas um arabesco,
em torno do elemento essencial - inatingível.
Fogem nuvens de verão, passam aves, navios, ondas
e teu rosto é quase um espelho onde brinca o incerto movimento,
ai! já brincou,e tudo se fez imóvel, quantidades e quantidades,
se depositam sobre a terra esfacelada.
Não mais o desejo de explicar, e múltiplas palavras em feixe
subindo, e o espírito que escolhe, o olho que visita, a música
feita de depurações e depurações, a delicada modelagem
de um cristal de mil suspiros límpidos e frígidos: não mais
que um arabesco, apenas um arabesco
abraça as coisas, sem reduzilas."

Carlos Drummond de Andrade.