sábado, 12 de março de 2011

Like a rose under the April snow.

Lembranças sempre me vêm à mente. Há poucos dias, lembrava de quando vim morar em Salvador sozinho. Entrei na escola nova com o coração apertado e medroso, carregando comigo alguns sonhos dentro do bolso de minha calça jeans azul, já um pouco desbotada e folgada. Menino franzino, de baixa estatura, cabelos cacheados e mal cuidados, de sobrancelhas grossas e usando óculos. Foi assim que cheguei àquele novo ambiente que não me pareceu nada acolhedor. Sentei em uma cadeira e fiquei recluso, não falei com ninguém e, também, ninguém falou comigo. Saí da sala, peguei meu celular, liguei para uma amiga, conversei um pouco e logo depois retornei à classe. Esperei com certa ansiedade um conhecido meu que veio a essa nova aventura comigo. Conversamos algo bem superficial, depois, calamo-nos, a aula começara.

Passado algum tempo, hora do intervalo. Eu era um perdido ali. Não sabia para onde ir ou o que fazer. Minha vontade era de voltar para casa. Fiz um lanche, depois andei sem rumo pela rua em que fica o colégio, talvez procurasse um conhecido ou simplesmente uma pessoa que me falasse "oi" - o que, obviamente, não aconteceu. Calado, pensativo e amedrontado definem como estava naquele dia. Porém, com o tempo, fui conhecendo algumas pessoas ( Larissa e Luiz), sentei junto deles, falamos bobagens. Mas foi um garotinha, com cara de primário, cabelos curtos, branquinha, de feições delicados e cabelos claros que olhou para mim e disse em voz suave: "Ítalo, junte-se à conversa!". Aquilo me foi, sem dúvida, um convite tentador.

Sucederam-se, então, uma série de acontecimentos: amizades novas, banhos de piscina nas Sextas-feiras, reclamações de professores, um trabalho de história desastroso, estudo em grupo, paixonites, desilusões amorosas, brigas, conversas infindáveis no msn... Em resumo: uma vida de adolescente cheia de futilidades. Não tardou muito até que o ano terminasse. Mas e todos os sonhos que eu trouxe dentro de meu bolso?

Posso dizer que alguns foram realizados, certamente. Outros simplesmente foram descartados, talvez eu não os quisesse tanto, outros continuam guardados; e há ainda aqueles que surgiram no meio do caminho. São tantos. Guardo meus sonhos comigo em sua maioria. Sei que alguns são irrealizáveis, contudo servem para fantasiar um pouco. Afinal, ninguém consegue viver somente no plano da realidade, é demasiadamente tedioso. Dizem que não devemos prescindir de nossos sonhos por mais impossíveis que pareçam. Será? A reposta eu não tenho, somente questionamentos. E quando não abrir mão de seu sonho possa significar o fim de uma amizade e a incerteza de sua realização? O que fazer? Vale mesmo a pena persegui-lo? Aventurar-se num sonho pode ser bom, porém quando o fim da trajetória não traz consigo a realização do desejado talvez a melhor opção seja guardá-lo para si, em uma gaveta trancada e escura.

Por outro lado, o fato de nem sequer tentar deixa uma sensação de frustração. Traz aquela dúvida que nos angustia: "E se eu tivesse tentado, será que valeria a pena?". Já disse uma vez que é sempre bom se dar uma chance, continuo acreditando nisso. Todavia, às vezes, essa tentativa signifique ir muito além. Assim, abrir mão da possibilidade de sua própria realização é o melhor a ser feito. Ficar no "mundo da fantasia"... é isso que tenho feito há algum tempo. No fim, sei que ainda sou aquele menino franzino, de cabelos mal cuidados, usando um óculos, de coração apertado e um pouco amedrontado diante do novo, mas com muita vontade de experimentá-lo.
Ponho a mão no bolso para que ninguém roube meus sonhos. Realizá-los-ei.


Pensar em você

É só pensar em você
Que muda o dia
Minha alegria dá pra ver
Não dá pra esconder
Nem quero pensar se é certo querer
O que vou lhe dizer
Um beijo seu
E eu vou só pensar em você
Se a chuva cai e o sol não sai
Penso em você
Vontade de viver mais
Em paz com o mundo e comigo
Se a chuva cai e o sol não sai
Penso em você
Vontade de viver mais
Em paz com o mundo e consigo.

Chico César.

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