quarta-feira, 9 de julho de 2014

A culpa é de Jasmine!

Eis que nesses tempos gloriososos de Copa - quando as obrigações cessam temporariamente e há tempo suficiente para se dedicar ao ócio -, encontro-me em casa, assistindo a filmes que, devido à atribulada vida de estudante e estagiário (obs: não sei se isso é uma ironia), não pude ver no cinema. É então que chega o momento de  "Blue Jasmine" que, segundo minha irmã, é a versão moderna da peça 'Um Bonde Chamado Desejo' - e, realmente, o é.

Obviamente, não vim aqui tecer uma crítica cinematográfica, afinal sequer sou um cinéfilo e há milhões de outros blogs com pseudo-entendidos do assunto para isso. Sendo aqui um espaço "pessoal e íntimo", vim me lamuriar em praça pública. Pois bem, daí que assisti ao filme, fiquei impressionado com a ótima atuação de Cate Blanchett, amei a trilha sonora etc.. O filme acaba e fico com aquele pensamento 'nossa, quero a vida de Jasmine!'. Logicamente, não atual vida de Jasmine, quando todas agruras do mundo despencam sobre a  personagem, até porque, como dizia a saudosa Bessie Smith, 'Nobody knows you when you're down and out'. Bem, quem não gostaria de ter a vida preenchida de momentos prazerosos, repleta de tudo que se pode ter da melhor qualidade? Um marido aparentemente perfeito, casa harmoniosa e bem decorada, bons restaurantes, boas roupas, ótimos amigos... Como costumo dizer: "uma vida de gastos".

Passam alguns dias e, sim, vivo na fantasia de que vou encontrar a vida ideal - a vida de Jasmine. Então, em  pseudo-crise de menino burguês que sequer tem o trabalho de passar marchas num carro, ocorre-me um surto! 'Não, Ítalo, você jamais terá essa vida. Em verdade, nem mesmo terá a vida que você leva agora'. Acendo um sinal vermelho para mim mesmo. Tudo certo, consigo lidar com isso, acho.

Mais alguns dias vão passando e, então, mais crises: seus paquerinhas não querem mais ficar com você. Repito para mim mesmo 'everything comes to an end, darling'. Tudo bem, se vivi tantos anos sem eles, não é agora que vou desmoronar. 'Get a life', outros virão (ou não), mas há sempre algo mais importante para se fazer da vida. Muito mais preocupante é saber que não terei a vida de Jasmine.

Quando acho que realmente estou bem, vem o golpe final: realizo que não, não gosto de meu curso. Não gosto das matérias nem dos professores, não gosto da faculdade nem do 'clima' que paira sobre a FDUFBa. Daí, dou-me conta de que também não gosto do estágio, aquilo parece enfadonho e tediante, repetitivo e nem um pouco criativo. CRISE! CRISE! O que fazer quando, no 7º semestre - quase aos 45 do segundo tempo - descobrimos que não gostamos daquilo que, em tese, escolhemos para viver? Ihhh, tudo muito complicado, ligo para amigos e até familiares (que não ajudam em muito). Afinal, como levar a sério uma pessoa que entra em crise e fala que o motivo é: "amiga(o), já viu Blue Jasmine? Então... queria a vida dela antes da pobreza... aah, e não gosto de meu curso também... na verdade, nem quero trabalhar, acho ruim. Quero ficar em casa, organizar festas. Sabe o que realmente quero? UMA VIDA DE GASTOS!"

Ao retornar a meu eu-sereno, tenho a impressão... na verdade, a certeza de que isso é apenas a vida real batendo à porta para me avisar que meus dias de adolescência estão acabando. Torrnar-me-ei adulto e ninguém me preparou para isso... Ser adulto é muito chato!








terça-feira, 1 de maio de 2012

O coração sedentário e o freio de mão

Dizem que os "amigos verdadeiro são para sempre". Discordo. Amigos, quando são amigos, sempre são verdadeiros, ainda que a amizade se desfaça ou que o contato se perca. Praticamente tudo é perecível e, não por isso, perdem sua qualidade de verdadeiro. Amigos são simplesmente amigos.

Dizem que "amigos verdadeiros" são aqueles que estão ali para você a todo momento, que estendem a mão, compartilham sentimentos e que, não obstante a distância e o tempo, a amizade continua. Acho que mentem.

Dizem que os "amigos verdadeiros" não se importam com as diferenças, conseguem superá-las. Vão além, verdadeiros amigos são aqueles que lhe têm como família; são aqueles que você pode "falar como falaria a ti mesmo". Poético e sentimental. Para mim, dramático.

Amigos são sempre amigos... e sempre verdadeiros. Não importa se eles sofrem junto, se lhe têm como família ou que não se importem com as diferenças. Os amigos são aquelas pessoas que gostam de você, ainda que se irritem com as dessemelhanças, que não compartilhem do mesmo sofrimento ou lhe considerem um irmão. Amigos, simplesmente, fazem-lhe sentir-se bem e torcem pela sua felicidade, mesmo sem compartilhar de sua angústia.

Amizade é algo comlicado, sempre deixa alguma marca ou lembrança. Amigos dividem lembranças. Amigos lhe passam cola e cuidam de seu coração sedentário. Amigos lhe emprestam o carro, sem receio de puxar o freio de mão...
Para certas pessoas, é bom passar o volante e, até mesmo, soltar o freio de mão, ainda que, eventualmente, venha a acioná-lo. Afinal, por alguns amigos, vale a pena puxar o freio de mão.

segunda-feira, 13 de junho de 2011

É impossível ser feliz sozinho?

O Dia dos Namorados passou, finalmente. Neste dia tão "especial", os casais enamorados compram presentes para seus respectivos parceiros, saem para jantar em um restaurante melhor, vestem-se com roupas bonitas para acabar a noite, preferencialmente, sem elas. Há uma atmosfera mágica no ar propícia à proliferação do amor. Se assim não o é, pelo menos é como deveria ser. Mas o que acontece com aquelas pessoas que ainda não encontraram ou que nunca irão encontrar o seu respectivo?

Certamente, muitos são tomados por um sentimento estranho. Questionam-se por que não têm ninguém com quem compartilhar o seu amor; perguntam-se se são menos interessantes que aqueles outros que possuem namorados; alguns, inclusive, pensam que lhes falta algo. Normal sentir-se carente algumas vezes, especialmente, quando a cidade é tomada por outdoors que estampam casais felizes aproveitando um dia magnífico no 12 de Junho. Então, algo me inquieta, será impossível ser feliz sozinho?

Dos meus 19 curtos anos de vida, passei 19 anos 'sozinho'; obviamente, não no sentido literal de não ter ninguém, mas sem ter um namorado ou algo parecido. Daí, concluir-se-ia que fui infeliz, e que sou menos interessante que os outros? De jeito nenhum! Não há como negar que algumas vezes já fui tomado por esses sentimentos, mas a maior parte de meus anos (bem) vividos foram marcados por felicidade, mesmo 'sozinho!'

Não consigo ser tomando por essa excessiva carência que acomete certas pessoas. Algumas vêem-se desesperadas pelo simples fato de não terem um namorado, chegando ao extremo de vincular a sua própria felicidade ao 'status' de "namorando". Incontáveis são aqueles que pulam de relacionamento em relacionamento porque temem a solidão ou os que preferem persistir em uma relação já falida. Esses são os verdadeiros infelizes, pois não sabem apreciar a agradabilíssima companhia de si mesmo.

A felicidade não está e nunca esteve fora do próprio indivíduo, afinal, ela é um estado de espirito. Assim, não devemos vinculá-la a outros, nem mesmo ao ser amado. Certamente, o estar com alguém de quem gostamos proporciona condições favoráveis a este estado de espirito, contudo não é uma relação de causa e efeito, muitas outras variáveis existem. O que acontece, por exemplo, quando a pessoa por quem se é apaixonado lhe ignora ou lhe agride? Obviamente, o efeito não é a felicidade, mas o oposto disso.

Ademais, outros fatores também são proporcionadores de condições favoráveis ao surgimento deste sentimento libertador. Viagens, amigos, dinheiro, animais de estimação, música, filmes, sucesso profissional e acadêmico, comida, boa saúde e tantos mais são, em minha visão, até mais importantes do que ter alguém para dizer "boa noite" quando se chega em casa após um dia cansativo de trabalho. Incompleto e infeliz sentir-me-ia se não os tivesse e não pudesse desfrutar daquilo que me faz bem. De pessoas para amar e que anseiam para amar alguém o mundo está cheio, por isso, melhor cuidar dos bons amigos, tomar "uns bons drink"... porque esses, sim, são escassos.

Satisfeito

Você me deixou satisfeito
Nunca vi deixar alguém assim
Você me livrou do preconceito de partir
Agora me sinto feliz aqui
Quem foi que disse que é impossível ser feliz sozinho?
Vivo tranqüilo, a liberdade é quem me faz carinho
No meu caminho não tem pedras, nem espinhos
Eu durmo sereno e acordo com o canto dos passarinhos.

Arnaldo Antunes, Carlinhos Brown, Marisa Monte


sábado, 12 de março de 2011

Like a rose under the April snow.

Lembranças sempre me vêm à mente. Há poucos dias, lembrava de quando vim morar em Salvador sozinho. Entrei na escola nova com o coração apertado e medroso, carregando comigo alguns sonhos dentro do bolso de minha calça jeans azul, já um pouco desbotada e folgada. Menino franzino, de baixa estatura, cabelos cacheados e mal cuidados, de sobrancelhas grossas e usando óculos. Foi assim que cheguei àquele novo ambiente que não me pareceu nada acolhedor. Sentei em uma cadeira e fiquei recluso, não falei com ninguém e, também, ninguém falou comigo. Saí da sala, peguei meu celular, liguei para uma amiga, conversei um pouco e logo depois retornei à classe. Esperei com certa ansiedade um conhecido meu que veio a essa nova aventura comigo. Conversamos algo bem superficial, depois, calamo-nos, a aula começara.

Passado algum tempo, hora do intervalo. Eu era um perdido ali. Não sabia para onde ir ou o que fazer. Minha vontade era de voltar para casa. Fiz um lanche, depois andei sem rumo pela rua em que fica o colégio, talvez procurasse um conhecido ou simplesmente uma pessoa que me falasse "oi" - o que, obviamente, não aconteceu. Calado, pensativo e amedrontado definem como estava naquele dia. Porém, com o tempo, fui conhecendo algumas pessoas ( Larissa e Luiz), sentei junto deles, falamos bobagens. Mas foi um garotinha, com cara de primário, cabelos curtos, branquinha, de feições delicados e cabelos claros que olhou para mim e disse em voz suave: "Ítalo, junte-se à conversa!". Aquilo me foi, sem dúvida, um convite tentador.

Sucederam-se, então, uma série de acontecimentos: amizades novas, banhos de piscina nas Sextas-feiras, reclamações de professores, um trabalho de história desastroso, estudo em grupo, paixonites, desilusões amorosas, brigas, conversas infindáveis no msn... Em resumo: uma vida de adolescente cheia de futilidades. Não tardou muito até que o ano terminasse. Mas e todos os sonhos que eu trouxe dentro de meu bolso?

Posso dizer que alguns foram realizados, certamente. Outros simplesmente foram descartados, talvez eu não os quisesse tanto, outros continuam guardados; e há ainda aqueles que surgiram no meio do caminho. São tantos. Guardo meus sonhos comigo em sua maioria. Sei que alguns são irrealizáveis, contudo servem para fantasiar um pouco. Afinal, ninguém consegue viver somente no plano da realidade, é demasiadamente tedioso. Dizem que não devemos prescindir de nossos sonhos por mais impossíveis que pareçam. Será? A reposta eu não tenho, somente questionamentos. E quando não abrir mão de seu sonho possa significar o fim de uma amizade e a incerteza de sua realização? O que fazer? Vale mesmo a pena persegui-lo? Aventurar-se num sonho pode ser bom, porém quando o fim da trajetória não traz consigo a realização do desejado talvez a melhor opção seja guardá-lo para si, em uma gaveta trancada e escura.

Por outro lado, o fato de nem sequer tentar deixa uma sensação de frustração. Traz aquela dúvida que nos angustia: "E se eu tivesse tentado, será que valeria a pena?". Já disse uma vez que é sempre bom se dar uma chance, continuo acreditando nisso. Todavia, às vezes, essa tentativa signifique ir muito além. Assim, abrir mão da possibilidade de sua própria realização é o melhor a ser feito. Ficar no "mundo da fantasia"... é isso que tenho feito há algum tempo. No fim, sei que ainda sou aquele menino franzino, de cabelos mal cuidados, usando um óculos, de coração apertado e um pouco amedrontado diante do novo, mas com muita vontade de experimentá-lo.
Ponho a mão no bolso para que ninguém roube meus sonhos. Realizá-los-ei.


Pensar em você

É só pensar em você
Que muda o dia
Minha alegria dá pra ver
Não dá pra esconder
Nem quero pensar se é certo querer
O que vou lhe dizer
Um beijo seu
E eu vou só pensar em você
Se a chuva cai e o sol não sai
Penso em você
Vontade de viver mais
Em paz com o mundo e comigo
Se a chuva cai e o sol não sai
Penso em você
Vontade de viver mais
Em paz com o mundo e consigo.

Chico César.

domingo, 30 de janeiro de 2011

Desconexo

Nossa, faz muito tempo que não habito estas páginas. Acho que acabei me perdendo estudando para o meu vestibular... mas espero me encontrar, quer dizer, me reencontrar. O pior é que, mais um vez, venho aqui sem saber o que dizer, fico somente vagando em idéias mal formadas.
Sento-me em frente ao computador, começo a ouvir algum jazz e a conversar algumas bobagens com um amigo que fico desnorteado. Deve ser a música... sempre fico assim quando ouço essas melodias que me remetem ao passado que, por mais passado que seja, ainda me é recente. Recordações me vêm à mente: são boas lembranças com um leve adocicado. Simplesmente, fico nostálgico.
Hoje, é um daqueles dias em que me sinto arrependido por algumas escolhas erradas, fico feliz por outras, lembro de tempos de alegria, penso nos bons amigos que cultivo há tanto tempo, e fico reflexivo... perplexo diante da fragilidade da vida. É, os sentimentos são fugazes. Mas no final do dia, posso olhar-me no espelho e esboçar um pequeno traço de felicidade que, aos poucos, vai se concretizando em um sorriso. Sinto-me completo.

Fragilidade

"Este verso, apenas um arabesco,
em torno do elemento essencial - inatingível.
Fogem nuvens de verão, passam aves, navios, ondas
e teu rosto é quase um espelho onde brinca o incerto movimento,
ai! já brincou,e tudo se fez imóvel, quantidades e quantidades,
se depositam sobre a terra esfacelada.
Não mais o desejo de explicar, e múltiplas palavras em feixe
subindo, e o espírito que escolhe, o olho que visita, a música
feita de depurações e depurações, a delicada modelagem
de um cristal de mil suspiros límpidos e frígidos: não mais
que um arabesco, apenas um arabesco
abraça as coisas, sem reduzilas."

Carlos Drummond de Andrade.

segunda-feira, 9 de agosto de 2010

I Hope You Don't Mind That I Put Down In Words How Wonderful Life Is While You're In the World...

A vida é um grande terminal. E é assim, irreversivelmente. Basta olharmos quantas pessoas já passaram por nós e, diversas vezes, não as notamos ou, ao contrário, quantas se tornaram elementos tão importantes que já é impossível conceber a nossa vida sem elas. Há ainda aquelas que se vão sem nem sequer conhecermos, mas que mesmo assim deixam um vazio, uma lacuna que não será preenchida, pois pessoas, diferentemente de objetos, não podem ser substituídas. Isso nunca. O ser humano tem um fim em si mesmo.

Chegadas e partidas são partes intrínsecas a esta longa caminha cujo fim é único. Todos fazemos parte de algum lugar, de alguém. É inevitável. Justamente por isso que, quando vamos embora, deixamos saudades, tristezas, melancolias, lembranças ( que podem ser boas, ruins, amargas ou doces...). Mas o que levamos de cada local em que estivemos? Talvez, levemos algum souvenir, uma fotografia. Lembro que, nos últimos dias antes de retornar ao Brasil, minha mãe excluiu todas as fotos que tínhamos da Europa. Essa era a viagem dos sonhos dela, pela qual esperou por um tempo para se concretizar, por motivos diversos. No momento em que as fotos foram acidentalmente excluídas, ela se pôs a chorar. Então fica a pergunta: será que aquelas fotos eram realmente tão importantes? Não nego que ri da situação, embora possa parecer meio cruel. Porém, aquelas fotos não significavam muito para mim, afinal, o que, de fato, ficou foram memórias. Lugares deixam saudades, pelo menos alguns... mas países, cidades são estáticos, é sempre possível retornar. E as pessoas?

Essas não são estáticas e para elas, muitas vezes, não podemos voltar. Isso, sim, é motivo para choro. Somos marcados por elas de maneira singular. A simples mudança de um amigo para uma cidade deixa-nos melancólicos, ainda que essa cidade seja próxima. Mas o fato de saber que aquele ser não estará ali, para nós, como era habitual, cria um espaço em branco. Uma tristeza. Eu bem sei disso, em minha pequena vida já experimentei bastante dessa experiência, acho. Quando tinha 10 anos saí do interior para morar na capital. Como era ainda novo, não me dei conta do que deixava para trás. Depois de 4 anos, retornei ao interior, mesmo que sofrendo e relutando muito. Reencontrei amigos antigos... consegui reatar amizades de que nem lembrava mais, conheci algumas novas pessoas. Não estarei errado em dizer que essas amizades reatadas e algumas poucas novas feitas foram uma das melhores coisas que já me aconteceu. Daí, passaram-se 2 anos e minha irmã foi morar no exterior por 1 ano. Não me despedi, porém ficou o vazio. Após mais 1 ano, eu volto a Salvador. Talvez essa tenha sido a mais difícil das despedidas. Ficaria a 400Km de meus pais e amigos. Ahh, como me fizeram falta... lembro que chorava ouvindo "Your song", porque lembrava de momentos vividos com uma das pessoas mais importantes para mim depois de minha família, Isabela. Sei que nela deixei um grande espaço também ("Olha, tem cheiro de Ítalo"). E sinto saudades. Contudo, esses são só simples exemplos pessoais e de pouco interesse a quem não os vivenciou. Tenho consciência de que há partidas mais dramáticas, mais cruéis e repentinas.

Porém, tais pessoas fizeram parte ativamente de minha vida, convivemos juntos, a saudade é facilmente explicada. O que não consigo explicar é como "gente" (desculpem-me a informalidade demasiada) que nunca sequer tive contato consegue marcar minha vida incisivamente. Alguns nunca nem troquei palavras, mas fico à espera de um momento e mesmo que esse não chegue, fico feliz com as conquistas desses "anônimos" e triste com seus fracassos. Pessoas que não sabem que existo, ou se sabem, ignoram-me. Quando da época em que fui assumir minha homossexualidade, por exemplo, um menino de São Paulo, com seu blog, foram decisivos, e o incrível é que ele nem sabe disso (sim, Sr. Cláudio DeLarge, é você). Há algum tempo, conheci alguém com quem a conversa flui naturalmente e posso ficar horas a fio conversando com ele sem notar que o tempo passa. E, mais uma vez, nunca o vi, pessoalmente. São, de certa forma, cibernéticos, virtuais; somente posso criar um imagem em minha mente e pensar "como seria assistir um aula com vc, passar uma tarde, ir ao cinema..." . Só que, se partirem, deixarão em mim saudades e, conseqüentemente, espaços em branco. E, por mais que se diga "vamos manter o contato", isso é raro de acontecer. Afinal, em terras de além-mar, as coisas mudam, conhecemos novas pessoas, vamos esquecendo aquelas passadas, mas não as substituímos.

Esse ano encontrei amizades em pessoas que antes ignorava. E sinto-me feliz e mais completo por isso. Porém, não esqueci aquelas outras que me são essenciais como respirar. Se elas se forem... uma parte de mim perderá o sentido. É assim que me sinto em despedidas, às vezes, sem sentido, fragmentado; tentando juntar pedacinhos de pensamentos e e reconstituir o todo... Contudo, o todo já não existe mais, ele se foi com aquela pessoa errante.

...

Explicação de poesia sem ninguém pedir

Um trem de ferro é uma coisa mecânica,
mas atravessa a noite, a madrugada, o dia,
atravessou minha vida,
virou só sentimento.

Adélia Prado.