sexta-feira, 18 de dezembro de 2009

[...]

Sexta-feira e o Sol estava a pino em Salvador. Um calor de 31°C. Dia de ir à praia. Acordei às 7:50 da manhã. Tomei café e esperei meu colega passar em minha casa, para descermos ao Porto da Barra. Então, aproximadamente 8:50h, fui caminhando em direção à praia. Ao descer a tortuosa ladeira, um cenário se descortinava em minha frente. O mar azul e cristalino, os barcos, as pessoas que nadavam, os pescadores. Era uma paisagem contemplativa, que dava vazão à reflexões diversas.

Mas, quando a ladeira da Barra chega ao seu fim, eis que se vê o Porto da Barra. Águas calmas e areia clara. É possível encontrar tipos diversos naquele local. Do burguês à pessoa mais humilde; a baiana de acarajé, o vendedor de queijo de coalho. Todos ali, de pés nus, na areia igualitária. Eu e meu colega esperávamos os outros, que, como bons baianos, estavam atrasados. Entrei na água gelada. Azul, tudo estava azul: o mar, o céu, as pessoas...

Depois de ficar quase 3 horas sob o sol, resolvi voltar para casa. Peguei a mochila que havia levado comigo, enxuguei-me e me pus a subir a sinuosa ladeira que descortina paisagens magníficas, como se saíssem de um quadro. As ruas e calçadas estavam vazias, caminhava só. Às vezes, avistava pessoas, mas logo elas dobravam na primeira ruela que havia. E eu continuava andando naquele vazio. Mas não era um vazio ruim, fazia com que me sentisse bem. Na verdade, nunca tive problemas em ficar sozinho ou em ser só, em alguns momentos. Acho bom e, até mesmo, prazeroso. É na solidão que nos descobrimos.

Finalmente, chego a casa. Já estava praticamente em horário do almoço. Se bem que, quando se mora sozinho, não há horários definidos. Mas de qualquer forma, às 14:10hrs almocei. Depois fui assistir, como costumeiramente faço, ao programa "Estúdio i". Nesse mix de jornal que mistura doses de notícia com entretenimento, estava Suzana Vieira comentando seu papel em "Cinquentinha", Flávia Oliveira falando sobre economia e Paulo Cuenca faz uma crítica sobre a série "Crepúsculo". Devo admitir que estava cansado e acabei dormindo.

Quando acordo, vejo um filme que havia alugado. Lembro meu amigo (Ulisses, que sumiu desde que foi à França). Lembro quando fui a Paris esse ano, mas que já parece fazer tanto tempo. Observo no filme os lugares por que passei, o Boulevard Saint-Germain. Penso em minha irmã que está louca para voltar a morar em Paris. E dessas pequenas besteiras foi constituído meu dia, até agora. Pequenas coisas, minúsculas. Mas contemplativas.


Só o ter

Só o ter flores pela vista fora
Nas áleas largas dos jardins exatos
Basta para podermos
Achar a vida leve.

De todo o esforço seguremos quedas
As mãos, brincando, pra que nos não tome
Do pulso, e nos arraste.
E vivamos assim.

Buscando o mínimo de dor ou gozo,
Bebendo a goles os instantes frescos,
Translúcidos como água
Em taças detalhadas,

Da vida pálida levando apenas
As rosas breves, os sorrisos vagos,
E as rápidas carícias
Dos instantes volúveis.

Pouco tão pouco pesarei nos braços
Com que, exilados das supernas luzes,
Escolhermos do que fomos
O melhor pra lembrar

Quando, acabados pelas Parcas, formos,
Vultos solenes de repente antigos,
E cada vez mais sombras,
Ao encontro fatal

Do barco escuro no soturno rio,
E os nove abraços do horror estígio,
E o regaço insaciável
Da pátria de Plutão.

Ricardo Reis (Fernando Pessoa).

3 comentários:

  1. eu iria comentar o que isabela disse. haha
    mooorrendo de vontade de ir na praia, sentar na areia, ver o mar, sentir o barulho das ondas, o sorriso das pessoas e a água batendo nos pés.. ah que inveja! qual é o nome do filme? é legal?
    bjs

    ResponderExcluir
  2. Realmente que inveja, e eu estou aqui morrendo no calor de Itabuna

    ResponderExcluir