sexta-feira, 18 de dezembro de 2009

A máquina de lavar roupas.

Sinceramente, a minha época preferida do ano é o natal... Todo o clima de alegria e felicidade e pessoas ganhando e gastando dinheiro tão rápido quanto conseguem (gastando mais do que ganhando, obviamente. para que mais serve o(s) cartão (ões) de crédito?). Eis que numa dessas idas ao shopping - passeio relativamente tranqüilo, se você não for atropelado por nenhuma criança no percurso - encontramos essa coisinha fofa. A "Mini Lavadora Eggo da Brastemp" nos olhando da vitrine. Fazendo jus ao nome, em forma de ovo, com um design maravilhoso, dá vontade de colocar em cima da pia do banheiro pra todo mundo ver. O que é justamente a proposta dela! Ficar ali lavando roupa enquanto você toma banho. A única coisa que eu pensava - confesso... - era que, com ela, eu nunca mais lavaria uma calcinha na vida. Nunca mais! Amo a tecnologia. E vamos olhar o preço dessa belezinha!! Seiscentos reais - assim por extenso pra não haver dúvidas. É, isso mesmo. Como boas negociantes que somos, saímos - eu e mamãe - com a máquina debaixo do braço por 421 reais. Incluindo um ano de garantia extendida e os dois reais do moço que levou ela no carro - ou alguém achou que eu ia levar a máquina literalmente debaixo do braço? Então. Assim que chegamos em casa, abrimos a caixa daquela delícia - orgasmos múltiplos ao coro de 'nunca mais lavar uma calcinha na vida'. E vimos que, infelizmente, nem tudo é tão simples quanto parece (ou quanto o vendedor te diz). Vieram três tubos e uns quatro ou cinco adaptadores de torneira, um manual de mais de vinte páginas, um saco de pano, uma bola maior com uma bola no meio (que até agora não sei pra que serve) além de mais outros vários acessórios... Admito que o design dos tubos, canos e adaptadores de torneira não era tão maravilhoso quanto o da própria máquina. Mas tudo bem. Tudo ótimo. Nunca mais lavar uma calcinha na vida. Só que veio, assim no cantinho da caixa, uma chave de fenda - essa com o design bonitinho, toda bojudinha - e quatro parafusos. Aí foi que eu vi que o negócio ia ser meio - muito - complicado.

Pra começar, a torneira teria que ser 3/4'' pra ela encaixar como o vendedor disse, em um segundo. Obviamente, a torneira do meu banheiro não é de jardim. Então eu realmente precisaria do parafuso e da chave de fenda pra conseguir instalar aquela coisa no banheiro. E no final, não dá. Assim que eu termino o trabalho árduo de girar a tal chave pra lá e pra cá (Não!! Não gira pra cá não, que solta o parafuso e ele cai no ralo, meu Deus do céu...) e abro a torneira é água pra tudo quanto é lado. Mas calma, não é a máquina. É a minha pia. Que é errada, por que a máquina linda é feita pra ficar em cima de um lavabo lindo, só que a torneira do lavabo tem que ser de jardim. Levamos a torneira pra área de serviço, instalamos o adaptador de torneira (outro) e ela funciona!! Claro que espirra um pouco de água, mas eu nunca mais lavo uma calcinha na vida. A gente coloca as roupinhas ali dentro, ela fica toda bonitinha de novo, com uma cara de receptiva. Depois de todas as preliminares, hora de apertar o botão de "ligar" - que é o que eu vou fazer daqui pra frente pra lavar calcinhas! Um segundo. O sabão. E agora? Não tem sabão em pó. Ah, não tem problema. Tem uma medida que vem junto com a máquina, uma colherzinha. Eu encho a colherzinha de sabão líquido e tudo ok. O sabão líquido é menos concentrado do que o em pó, com certeza. Então ao invés de uma, por que não colocar... hm... três medidinhas? Bom, aí realmente não foi erro da máquina. Na hora que eu me sento feliz da vida - não consigo parar de repetir, nunca mais lavar calcinha... - aquela coisinha silenciosa começa a dar sinais de que as coisas não são tão boas quanto parecem. E começa assim, parecendo só. Parece que tem uma bolhinha ali. Ih, olha, tem outra ali. Ai que lindo. Será que as bolhinhas têm design? Mais uma bolhinha. Dez bolhinhas, vinte bolhinhas e ai meu deus do céu não pode molhar a máquina pelo lado de fora. Corre pra lá corre pra cá pega pano enxuga máquina molhou o pano pega outro enxuga máquina enxuga o chão tapa o lugar que tá saindo água tudo sem vírgula se não não dá tempo mesmo!!! Um desespero só. Finalmente acaba o "ciclo ozônio" - que mata tooooodas as bactérias, tira mancha e é perfeito pra lavar adivinha o que? Calcinhas! - e ela entra na parte de drenagem de água. Aleluia, acabou! Sento na cadeira - não mais feliz, só aliviada. - e começo a sentir que tem - mais uma - coisa errada. Tem água no chão. No meu corre corre sem vírgulas, provavelmente tirei do ralo o tubinho molengo por onde a água sai. E aquilo ficou ali no chão. Não tive nem tempo de pensar, taquei o negócio dentro de uma bacia qualquer - já fazendo promessa pra os 20 litros de água caberem ali dentro - e fui enxugar o chão.

Realmente, as calcinhas saíram impecáveis, assim como biquínis ou - eu não duvido - qualquer outra coisa que eu colocar ali dentro. O problema é aqui fora, por que eu não saí tão impecável quanto à "roupas íntimas e delicadas". E não lavei uma calcinha, mas a área de serviço inteira. E lavei bem, vai cheirar a "fofo sabão líquido" por mais de uma semana.

Texto escrito por Carol Amaral.

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